Para Rogerio
Chequer, Temer deve ser pressionado, desde já, a vetar o golpe da anistia
ao caixa 2
Por Márcio Juliboni
Se o Congresso perdeu os escrúpulos e a vergonha de agir para
proteger seus corruptos, o jeito é pressionar quem dá a última palavra: o
presidente Michel Temer, que pode vetar o golpe do caixa 2. A avaliação é
de Rogerio Chequer, líder do Vem Pra Rua. “O presidente terá de escolher
entre o povo brasileiro, que se cansou de tudo isso, e o corporativismo de
políticos que só querem se safar”, afirma.
O movimento convocou, para 4 de dezembro, manifestações contra a corrupção.
Veja, a seguir, os principais trechos da conversa com O Antagonista:
O Antagonista: Das manifestações de 2013 ao impeachment de Dilma,
o povo mostrou que não tolera mais corrupção. Por que, apesar de tudo, os
políticos ainda insistem em contrariá-lo?
Chequer: Antes eles se preocupavam apenas com
o impacto das denúncias sobre sua reeleição. Agora caiu a ficha de que há
muito mais em jogo: sua liberdade; a possibilidade de irem para a cadeia. E
você sabe: bicho acuado comete todo tipo de excrescência. Nessa situação,
eles perderam todos os escrúpulos que ainda restavam.
O Antagonista: Como o sr. avalia a tentativa de desidratar as
Dez medidas contra a corrupção?
Rogerio Chequer: É preciso pensar em duas
coisas: as dez medidas, em si; e a bomba que querem colocar dentro. A
tramitação da proposta ia bem até que, há algumas semanas, o corporativismo
do Congresso prevaleceu. Sobrou metade do projeto original, mas, ainda
assim, é positivo e precisa ser aprovado. O mais grave é usar o projeto
como cavalo de Troia para anistiar crimes retroativamente. A emenda é tão
ampla, indecente e inescrupulosa, que o malefício dessa bomba é até maior
que o benefício da aprovação das dez medidas.
O Antagonista: E como se desarma essa bomba?
Chequer: Primeiro, é preciso exigir a votação
nominal. Se a Câmara quer oficializar uma tramoia, que os deputados a
assumam claramente. O PSOL está requerendo votação nominal e nós apoiamos
pressões deste tipo. Segundo, muita pressão popular para que essa bomba não
passe. Por isso, é preciso lotar as galerias da Câmara no dia da votação.
E, por fim, é preciso ir para as ruas no dia 4 de dezembro.
O Antagonista: Se a votação é nesta semana, a manifestação de
4 de dezembro não será tarde demais?
Chequer: Os deputados até podem correr com a
matéria e aprová-la, mas é preciso lembrar que, depois, ela vai para o
Senado. Depois, precisa ser sancionada por Temer. Nesta semana, lançamos a
campanha #VetaTemer nas redes sociais. Mesmo que essa indecência seja
aprovada pelo Congresso, Temer poderá barrá-la. O presidente terá de
escolher entre o povo brasileiro, que se cansou de tudo isso, e o
corporativismo de políticos que só querem se safar.
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